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Fotos: Reprodução/ Uol |
Desde a Pré-História, a maquiagem é usada como símbolo de
expressão. E se hoje em dia ela serve ainda para embelezar, naquela época
auxiliava na constituição da identidade de uma tribo e na sua diferenciação
durante as guerras.
Na
Antiguidade, pintar os lábios de vermelho era um hábito feminino e masculino. A
pigmentação era obtida a partir de elementos tóxicos: insetos esmagados eram
misturados a pedras preciosas moídas e escamas de peixe. As gueixas japonesas,
por sua vez, usavam pétalas de açafrão para colorir seus lábios.
Pintar-se de vermelho, no entanto, tornou-se sinônimo de pecado durante a Idade
Média, quando a igreja proibiu a maquiagem. O tabu foi ainda reforçado séculos
depois, entre os anos de 1830 a 1900, quando a rainha Victoria da
Inglaterra igualmente decretou o fim do uso de maquiagem entre as aristocratas
"de bem".
Mas muitas mulheres daquela época passaram a criar
alternativas para não serem vistas como pecadoras ou promíscuas, segundo
aponta Stéphanie Bergmann, docente em maquiagem
do Senac Santana (SP). O truque, que durou até as primeiras décadas
no século 20, era a boca coradinha, bem discreta.
Entre
as rebeldes da época, figuras cheias de personalidade que pouco ligavam para o
descabido “protocolo de decência” da sociedade conservadora, estava a diva do
teatro Sarah Bernhardt, que parecia não se importar com a
proibição, usando e abusando dos tons vermelhos bem vivos nos lábios.
Linha do tempo
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As atrizes Clara Bow e Katharine Hepburn |
Anos 20:
A atriz Clara Bow, considerada a primeira "it-girl" da
história, cria a boquinha de coração com um batom no pigmento vermelho
profundo para dar ênfase aos lábios nos filmes em preto e
branco.
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As atrizes Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor |
Anos 30 e 40: As estrelas do cinema
passam a investir no batom vermelho com a função de embelezar e seduzir.
"Quem queria parecer uma diva, copiava essas mulheres. Porém, ainda
existia um clima de proibição muito forte na sociedade da época",
aponta Stéphanie.
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Bettie Page |
Anos 50: O vermelho se estabelece como maquiagem declaradamente
sensual, graças à Marilyn Monroe, e igualmente contraventora,
por causa de pin-ups como Bettie Page.
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Brigitte Bardot |
Anos 60: Com a libertação sexual e a maior independência
feminina, o tabu perde força e a maquiagem denota feminilidade.
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As cantoras Debbie Harry e Madonna |
Anos
70 e 80: O vermelho ganha destaque total com maquiagens mais dramáticas, com
boca e olhos bem marcantes.
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Cindy Crawford |
Anos 90: Ainda que já tendo o status de clássico,
o vermelho perde um pouco o espaço para o batom marrom, que dominou as
maquiagens da década.
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Lady Gaga, Emma Stone, Dakota Johnson e Margot Robbie no Oscar 2015 |
Anos 00: Volta com tudo. A cor está não só nos tapetes
vermelhos, como nas ruas. Diva, rebelde ou só um destaque nos lábios: o batom
vermelho não tem regras.
Símbolo feminista
O batom vermelho faz barulho mais uma vez, como uma espécie de símbolo feminista. Em "Não tira o Batom Vermelho", a YouTuber Jout Jout coloca a crítica ao uso dessa cor como um dos exemplos de comprovação de um relacionamento abusivo. No videoclipe da atriz e cantora Clarice Falcão para o cover de "Survivor", do grupo Destiny’s Child, várias mulheres utilizam o batom vermelho para desenhar verdadeiras pinturas de guerra.![]() |
Clarice Falcão |
"As
feministas usaram o batom vermelho talvez por ser essa a cor da rebeldia e de
ter marcado a sensualidade de Marilyn Monroe, ou porque os ditadores de moda
andaram ensaiando um look nude. O red está de volta e pode ser que nunca saia
de moda", acredita Ana.
Stephanie aborda outra linha de pensamento. "Não acho que é um símbolo atual, pois o uso dessa cor sempre teve uma conotação de força, de 'usar porque eu quero e pronto'”, argumenta. “Além disso, ele surge como mais um elemento dessa libertação feminina frente aos tabus estéticos, sexuais e sociais. Acredito que ele vem com a quebra de outros tabus, como mulheres com cabelos mais curtos e até raspados.”
Stephanie aborda outra linha de pensamento. "Não acho que é um símbolo atual, pois o uso dessa cor sempre teve uma conotação de força, de 'usar porque eu quero e pronto'”, argumenta. “Além disso, ele surge como mais um elemento dessa libertação feminina frente aos tabus estéticos, sexuais e sociais. Acredito que ele vem com a quebra de outros tabus, como mulheres com cabelos mais curtos e até raspados.”
Questão de personalidade
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Adele |
"A cor tem sido mais pedida, até pelas mulheres que não estavam
acostumadas a usá-la. Buscam quando querem se sentir mais autoconfiantes",
diz Suely Oliveira, maquiadora do Studio W Higienópolis. Para a profissional,
houve o aumento da procura de dois anos para cá e os tons que mais têm feito
sucesso no salão são o "Russian Red" (um pouco mais fechado) e o
"Ruby Woo" (um vermelho bem aberto), ambos da marca M.A.C.
Para a profissional, usar o batom vermelho não é uma questão estética. O
tom em suas diversas nuances pode ser usado por mulheres de todos os tons de
pele. O importante é a personalidade: "É colocar e segurar o make",
diz Suely. "Atualmente, a famosa que sabe fazer isso com excelência é a
cantora Adele", declara a maquiadora.
Guia
rápido de harmonização
Stéphanie
Bergmann dá dicas para combinar os diferentes tons de pele e de batom vermelho,
mas lembra que a mulher tem liberdade para usar o tom que mais lhe
agradar: "O guia é só um auxílio, se interessar".
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Clarie |
Pele
branca rosada, como a de Claire Danes, combina com tons de cereja e fúcsia. Já
quem tem a pele branca amarelada, como Paolla Oliveira, a aposta é
tons tomate e alaranjados.
Para
as morenas amareladas, como Camila Pitanga, o recomendado é usar tons que
combinem com sua personalidade, pois essa cor de pele é muito versátil. Já para
as morena rosadas, como Dita Von Teese, o ideal é apostar em vermelhos frios,
como o bordô.
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Naomi Campbell |
Peles Oliva,
como a de Zoe Saldana combinam com vermelhos primários e cerejas. Já as
peles negras, como a de Naomi Campbell, pedem vermelhos fechados, como sangue,
bordô e vinho.
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Florence Welch |
Ruivas, como Florence Welch, podem usar tons próximos a cor
dos cabelos. As orientais, como Daniele Suzuki, podem investir em
tons frios e "meio tom"
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